quarta-feira, 9 de julho de 2008

Para o PSD, "a família serve para procriar"

Manuela Ferreira Leite assumiu discriminar casais homessexuais



Na entrevista que deu à TVI, Manuela Ferreira Leite disse que não é "suficientemente retrógrada para ser contra as ligações homossexuais". Mas isso não a impediu de assumir que os casais gays e lésbicos devem ser discriminados no acesso ao casamento. É que para a líder do PSD, o objectivo da família "é a procriação".
Manuela Ferreira Leite, numa entrevista dada à TVI no passado dia 1 de Julho, quando questionada sobre a sua opinião em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo afirmou "Eu não sou suficientemente retrógrada para ser contra as ligações homossexuais. Aceito. São opções de cada um, é um problema de liberdade individual, sobre a qual não me pronuncio. Pronuncio-me, sim, sobre o tentar atribuir o mesmo estatuto àquilo que é uma relação de duas pessoas do mesmo sexo igualmente ao estatuto de pessoas de sexo diferente". Quando Constança Cunha e Sá lhe perguntou se não poderia haver alguma discriminação naquelas afirmações, disse "Admito que esteja a fazer uma discriminação porque é uma situação que não é igual. A sociedade está organizada e tem determinado tipo de privilégios, tem determinado tipo de regalias e de medidas fiscais no sentido de promover a família".
A líder do PSD esquece-se que, desde 2001, as uniões de facto em Portugal permitem que os casais de pessoas do mesmo sexo usufruam das mesmas "medidas fiscais" que um casal de pessoas de sexo diferente.
Fez ainda questão de afirmar que as tais medidas fiscais vêm "no sentido de que a família tem por objectivo a procriação". Sobre o nome a dar às uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, afirmou ainda "Chame-lhe o que quiser, não lhe chame é o mesmo nome. Uma coisa é o casamento, outra é outra coisa qualquer". Ao fazer esta afirmação Manuela Ferreira Leite acha que os cidadãos não heterossexuais são cidadãos de segunda categoria. Tal como o casamento entre escravos era chamado de "contubérnio", também o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ter um nome diferente, uma vez que estes também são cidadãos de segunda. Acha também que o direito ao casamento deve ser negado a todos os casais que não possam procriar. Assim, o casamento deve ser negado a casais de pessoas do mesmo sexo, a pessoas inférteis e a mulheres que já não possam engravidar. Talvez ache também que o direito à procriação deve ser negado a pessoas solteiras.
Ferreira Leite acha que é o Estado quem deve decidir o que é uma família, como ela deve ser constituída, quem deve casar e quem deve procriar. Se a sua visão do casamento se restringe ao objectivo de procriar isso é opção sua. Manuela Ferreira Leite tem o direito de escolher se casa, com quem casa e porquê. Todos os outros cidadãos deveriam ter o mesmo direito, o direito a decidir por si.

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