sábado, 24 de maio de 2008

Os jovens e a mobilização para as manifestações!

Os trabalhadores portugueses estão a passar por um dos piores momentos na nossa sociedade, pela crescente precariedade no trabalho, pelo desemprego, pela redução das compensações no subsídio de desemprego, pelos salários baixos, pelo encerramento de grandes empresas, pelo medo. Opinião de Daniel Bernardino.
A geração mais jovem com poucas saídas para o curso que terminaram e que conseguem um lugar no mercado laboral assistem à degradação dos salários, são a chamada "geração 500 euros" que pode vir a ter piores condições de vida em relação à que tinham os seus pais.
O Instituto Nacional de Estatística refere mesmo que a situação dos jovens é ainda agravada pelo facto de haver 80% de precariedade no seu primeiro emprego.
Quem acompanha com proximidade os problemas que se vivem diariamente nos locais de trabalho, sabe o quanto difícil é hoje mobilizar os jovens para defender os seus direitos, o quanto difícil é sindicalizarem-se, porque o medo impera e o desemprego está apenas a um passo.
As Comissões de Trabalhadores e os Sindicatos têm no seu trabalho cada vez mais dificuldades para defender estes trabalhadores jovens, crescem os movimentos de defesa dos trabalhadores precários porque as alternativas ao movimento sindical têm de passar por inovar na forma como se mobilizam os trabalhadores e temos cada vez mais jovens a desacreditar o sindicalismo, esta questão merece uma enorme reflexão de todos os intervenientes da nossa sociedade laboral.
No próximo dia 5 de Junho vai haver uma manifestação em Lisboa convocada pela CGTP, contra a revisão do código de trabalho, sobre o qual o nosso Governo já disse, recentemente através do nosso primeiro-ministro que este código de trabalho é para avançar mesmo sem o acordo dos sindicatos, esta posição é de tal forma agressiva que deixa os trabalhadores sem alternativas, logo deverão manifestar o seu repúdio contra esta forma de governar e fazer todos os esforços para participarem neste dia de manifestação seja onde for.
Como membro de uma comissão de trabalhadores conheço as dificuldades que os trabalhadores têm, principalmente os jovens, para participarem na luta, é que um dia de greve custa-lhes bastante dinheiro, pois é menos um dia de salário que irão receber no final do mês que fará muita diferença no seu orçamento e caso sejam precários poderá custar-lhes mais do que um dia de trabalho, infelizmente, o próprio posto de trabalho.
São estes alguns dos motivos que fazem com que muitos jovens trabalhadores não participem nas manifestações, mesmo que compreendam que a luta pode mudar o rumo das pretensões do governo, mas o facto de também lhes mudar imediatamente a condição de empregado para desempregado pesa bastante na sua decisão de participar.
Esta forma de mobilização tem de mudar, os tempos são diferentes, têm de ser alteradas as mentalidades que sustentam que facilmente se mobilizam os trabalhadores como era antigamente. Dentro das empresas é que começa a mudança e dentro das empresas é que se mobilizam os trabalhadores. Levar os trabalhadores de uma empresa para uma manifestação em Lisboa, num dia de semana, não é fácil é bem mais fácil mobilizá-los para o exterior da empresa manifestando-se junto a esta. Tem de se mudar de estratégia e fazer manifestações ao fim-de-semana, não é fácil, mas é este o caminho da mudança à semelhança daquilo que se faz em Espanha, França ou Alemanha e tão bem já se fez em Portugal.
Daniel BernardinoCoordenador da Comissão de Trabalhadores da FaureciaParque Industrial Autoeuropa

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