sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Mais uma transexual assassinada em Portugal

Foto &y/flickrO corpo de uma transexual morta foi encontrado na quinta-feira num caixote do lixo em Loures, quando funcionários da empresa Resotrans – Recolha e Tratamento de Resíduos Sólidos manuseavam um contentor de entulho transportado para aquela empresa. Entretanto, algumas associações de defesa dos direitos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros) já reagiram a este caso. Todas aguardam mais informação sobre este crime, mas adiantam que é provável que estejamos perante mais um caso de violência transfóbica.
Paulo Corte-Real, da associação ILGA, alertou para a necessidade de se respeitar a identidade da vítima em todo o processo – os jornais diários de hoje continuam a falar de “um homem vestido de mulher” e Sérgio Vitorino, das Panteras Rosa, alertou para os exemplos anteriores de crimes de ódio contra os e as transexuais, lembrando o assassinato de Gisberta, transexual brasileira, há dois anos, no Porto.
Entretanto, a Opus Gay revelou que o cadáver encontrado seria da transexual brasileira Luna, de 42 anos, que trabalhava em Portugal, que se prostituía na cidade de Lisboa e que estava desaparecida há três dias “tendo agora sido encontrada muito mal tratada e baleada” naquele contentor. A associação chamou ainda a atenção para o facto da sociedade portuguesa continuar a “não dar suficientes oportunidades às pessoas transexuais”.
Também o deputado do Bloco de Esquerda, José Soeiro, reagiu a esta notícia, considerando que “a cultura do ódio contra a população LGBT, que tem estas expressões extremadas de violência, é consequência de uma sociedade que alimenta o preconceito e que não combate suficientemente a discriminação dos transexuais”.
Este caso surge poucos dias depois de o Bloco de Esquerda ter assinalado os dois anos passados sobre o assassinato brutal da transexual Gisberta, no Porto, realizando, no dia 22 de Fevereiro e pela primeira vez em Portugal, uma audição com transexuais na Assembleia da República. Nessa audição que o Bloco organizou, várias transexuais alertaram para os problemas de discriminação social que existem e também para as debilidades e lacunas da lei, que continua a não reconhecer a identidade de género, a colocar entraves ao registo civil e à mudança de nome, a prolongar os processos médicos e clínicos e a não levar em linha de conta a transfobia como motivo agravante para os crimes de ódio.

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