terça-feira, 15 de julho de 2008

"Imposto sobre as grandes fortunas é uma grande arma da esquerda", diz Alegre

O deputado do Partido Socialista Manuel Alegre ladeado pelos restantes dois oradores (Isabel Allegro e José Soeiro) no encontro de Esquerda No debate de lançamento da revista online Ops!, Manuel Alegre afirmou que é impensável para qualquer socialista ser favorável a um Código do Trabalho que prejudica os trabalhadores, defendendo por isso alterações substanciais ao documento durante a fase de discussão na Assembleia da República. O dirigente histórico do PS voltou a apelar à convergência das esquerdas e defendeu a aplicação do imposto sobre as grandes fortunas, uma medida considerada urgente pelo Bloco de Esquerda.
A corrente de opinião socialista lançou esta segunda-feira a revista 'online' Ops!, com o número de estreia dedicado ao trabalho e sindicalismo, tema que animou o debate de apresentação onde intervieram Manuel Alegre, Carvalho da Silva, João Correia (ex-dirigente da Ordem dos Advogados), o fundador do PS José Leitão e o sociólogo Elísio Estanque.
Manuel Alegre criticou a actual proposta de Código do Trabalho. "Como socialista jamais poderei aceitar um Código Laboral que agrave ou mantenha uma situação de desfavor nas relações laborais contra os trabalhadores. Isso é impensável para qualquer socialista", declarou, acrescentando contudo que acredita ser ainda possível chegar a um "reequilíbrio" na discussão que será feita no parlamento. Alegre censurou alguns dos apectos da proposta do governo como a flexibilização dos horários, o não pagamento de horas extraordinárias, a caducidade da contratação colectiva e a tentativa de fragilizar as organizações sindicais.
O histórico do PS apelou à continuação das convergências à esquerda. "Os muros têm que cair dentro das nossa cabeças para que sejam encontradas novas convergências", afirmou. "Dentro da chamada biodiversidade da esquerda tem de haver mais convergência, tem de haver mais debate", reiterou o poeta, acrescentando que este campo político tem de compreender que "hoje já não há modelos" - o que tem de haver "é a procura de alternativas, porque alternativas há sempre". E sublinhou que "o imposto sobre as grandes fortunas continua a ser uma grande arma da esquerda", colocando-se desta forma em sintonia com o Bloco de Esquerda que insiste na urgência desta medida.
Manuel Alegre criticou ainda o "mito da competitividade" que domina o discurso político. "O problema da competitividade não está apenas num lado. Está também na organização dos trabalho por parque de muitos gestores e empresários que continuam a apostar num modelo de desenvolvimento ultrapassado, porque baseado nos baixos salários e no trabalho não qualificado", argumentou.
Também Carvalho da Silva criticou a actual proposta de revisão do Código do Trabalho esclarecendo que no essencial ela representa um "enfraquecimento profundo" da posição dos trabalhadores. O líder da CGTP não quer que os deputados "despachem" a discussão pública do diploma para o período de férias e deixou um apelo aos trabalhadores. "O apelo que temos de fazer é para que os trabalhadores se organizem colectivamente. Porque se não o fizerem vão levar muita porrada."

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