quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Acidente do Tua sem causas conhecidas no inquérito preliminar

Ante a falta de causas apontadas para o acidente, autarca fala em
O relatório preliminar entregue ao ministro das Obras Públicas sobre o acidente que matou uma pessoa e fez 37 feridos na linha do Tua foi incapaz de determinar as causas do descarrilamento. A comissão de inquérito tem 30 dias para entregar as conclusões finais, mas a sua composição já é criticada.

As conclusões deste inquérito preliminar, ou antes a falta delas, já mereceram críticas da autarquia de Mirandela. José Silvano afirma-se preocupado e diz mesmo que se dantes "havia o Triângulo das Bermudas onde se afundavam navios, daqui a pouco criamos o triângulo da Linha do Tua onde o magnetismo deita as carruagens abaixo".Os quatro acidentes graves no espaço de ano e meio numa linha que fez 120 anos sem notícia de descarrilamentos trágicos levantaram suspeitas sobre a sua origem, numa altura em que aumenta a pressão para o encerramento do troço em causa, que ficaria submerso caso avance a construção de uma barragem.O Ministério de Mário Lino diz que a comissão de inquérito "inspeccionou o local do acidente e o material circulante envolvido, analisando ainda os relatórios técnicos elaborados pelas entidades responsáveis pelo funcionamento da linha, nomeadamente a Refer, CP e a EMEF, e já pediu mais informações a estas empresas". Uma das possíveis causas do descarrilamento ainda está à espera de confirmação. Trata-se de uma vala aberta pela Refer junto à linha para instalar um cabo de fibra óptica. "Essa questão foi levantada e perguntámos à Refer até que ponto isso poderia afectar o perfil da linha, mas não obtivemos resposta", disse um administrador da Sociedade Metro de Mirandela ao Diário de Notícias. Milheiro Oliveira deixou ainda algumas dúvidas quanto à crediblidade da comissão. "Era melhor que o pessoal dessa comissão fosse estranho às empresas porque fariam um trabalho mais isento", até porque os actuais membros, na opinião deste administrador, "não são especializados na matéria".O governo anunciou ainda que vai solicitar um estudo para avaliar as condições da Linha do Tua à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Entretanto, o Movimento Cívico pela Linha do Tua defendeu esta quarta-feira a utilização de outro tipo de material circulante naquela via-férrea. "As actuais composições do metro de Mirandela são de material considerado leve e mais susceptível a eventuais descarrilamentos do que, por exemplo, as antigas napolitanas, que eram utilizadas pela CP em vias estreitas como a do Tua", explicou André Pires ao Jornal de Notícias. O Movimento Cívico pela Linha do Tua diz mesmo que a CP "tem actualmente material de via estreita abandonado e a degradar-se que podia ser aproveitado para esta linha, oferecendo condições de conforto, comodidade e segurança que as composições do metro não têm".As actuais carruagens do metro têm sido alvo de queixas dos utentes, por muitos deles serem obrigados a deslocarem-se de pé durante o trajecto. José Silvano diz que o acordo celebrado entre a Metro de Mirandela e a CP só permite acoplar uma segunda carruagem depois de lotada a primeira, com 54 passageiros, dos quais 27 viajam em pé."O metro de Mirandela foi criado em 1995 para fazer o percurso urbano nesta cidade transmontana e quando se perspectivava o encerramento da Linha do Tua foi celebrado este acordo em que o metro de Mirandela recebe 120 mil euros por ano, pelo aluguer das carruagens que fazem a viagem ao serviço da CP", explicou Silvano ao JN.

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