quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Barragem do Tua adiada por falta de estudos ambientais

Grande parte da Linha do Tua desaparecerá com a construção da barragemO início da construção da barragem do Tua foi adiado por um ano, para meados de 2010. A EDP justifica com a necessidade de introduzir novos elementos no Estudo de Impacte Ambiental. Tanto o Bloco de Esquerda como movimentos de cidadãos têm-se oposto à construção desta barragem, com consequências ambientais e humanas graves, numa zona classificada como património mundial da humanidade pela Unesco.
Depois de muitas críticas que avisavam para a falta de estudos adequados de impacte ambiental na construção da barragem do Tua, a EDP vem agora admitir que falta informação complementar na área da ecologia a ser aditada ao processo, cuja fase de consulta pública só já vai ficar concluída até ao final do primeiro trimestre de 2009. Por seu lado, a emissão da Declaração de Impacte Ambiental deverá ocorrer até Julho do mesmo ano.
A EDP já informou do adiamento da construção da barragem os presidentes das câmaras dos concelhos abrangidos (Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor).João Teixeira, presidente da Câmara de Murça, considera que o alargamento dos prazos vai permitir elaborar "mais calmamente" o Estudo de Impacte Ambiental e, dessa forma, tomar "uma decisão mais próxima do consenso e que melhor defenda o desenvolvimento integrado do vale".
O avanço desta barragem, defende o Movimento em Defesa da Linha do Tua, vai submergir mais de metade da Linha, inviabilizando-a. Perde-se, assim, um dos principais eixos de ligação da região, nomeadamente a potencialidade de ligação a outros concelhos do distrito e a Espanha, bem como um pólo de promoção de actividades turísticas, com a consequente perda de oportunidade de revitalização económica e criação de emprego durável na região. Estes são algumas das razões que motivaram a apresentação recente na Assembleia da República de uma petição cidadã que reuniu mais de 5 mil assinaturas em defesa da linha do Tua.
Esta obra irá ter um contributo muito residual no panorama energético do país, em comparação com os elevados impactos negativos que tem em termos ambientais, económicos e sociais. E vai ser concessionada por um período até 75 anos, ficando o interesse público dependente no longo prazo dos interesses privados. Isso mesmo levou o Bloco de Esquerda a apresentar um projecto de resolução recomendando a suspensão da construção desta e de outras barragens do Alto Tâmega. Veja também a entrevista em vídeo com Gaspar Martins Pereira

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